... Minas vai acabar, eu sei; Minas de antigamente, a nossa, a eterna, com a qual nos defrontaremos no juízo final, quando tivermos de prestar contas e nos perguntarem o que fizemos daquela sopa tão boa chamada Maneco com Jaleco. Por mais que a gente queira fazê-la de novo viver, há sempre os olhos dos drugstores espreitando, ameaçando com seus hamburgers, catchups e outros assassinos. Tempos bons dos doces e quitandas, das deliciosas comidinhas mineiras. Nada de serviço à francesa, os pratos todos na mesa fumegantes e cheirosos. O mundo não tinha começado ainda a se americanalhar, ninguém comia comida de sal com doces e frutas em conserva. A continuar como está, cortando a Serra do Curral e só pensando em siderurgia, os mineiros de hoje vão acabar lambendo lingotes de ferro...
Autran Dourado

"Cozinha Museu" - V Edição


Farófias ou farofas

Convidados:
Liliane Dardot
Lótus Lobo
Maria do Carmo Freitas
Thaïs Helt
Vilma Rabelo

A Farofa foi criada no intuito de substituir o tempero nas comidas. Utilizando por base a de farinha de mandioca, de milho ou a junção das duas com alguma outra mistura ou tempero, servia para não sentir os gostos crus das coisas. Seria uma das receitas mais antigas da culinária nacional, pois surgiu entre os índios, séculos antes da colonização portuguesa. O pastor protestante francês Jean de Léry, que esteve por aqui no século 16, e publicou a preciosa História de Uma Viagem à Terra do Brasil (Editora Itatiaia, Belo Horizonte, 1980), legou-nos divertido relato sobre uma das maneiras dos índios consumirem a farinha de mandioca. “Tomam-na com quatro dedos na vasilha e a atiram mesmo de longe com tal destreza na boca que não perdem um só farelo.E se nós, franceses, os quiséssemos imitar, não estando como eles acostumados, sujaríamos o rosto, as ventas, as bochechas, as barbas”.


O gastrônomo, filólogo e dicionarista carioca Antônio Houaiss, classifica suas receitas de farofas em três grupos.
No primeiro coloca a farofa d’água. “É a farinha molhada, que pode ser mais seca e até embolada”, sublinhou Houaiss. Consumida fria ou quente, recebe um pouco de manteiga, margarina, azeite, óleo vegetal, gordura de porco, tomate, cebola e alho, sal e pimenta dedo de moça ou malagueta. No segundo grupo inscreve a farofa de manteiga, ingrediente que pode ser substituído pela margarina, azeite, gordura vegetal ou animal. O nome diz tudo. Incorpora-se apenas a gordura, revolvendo bem a farinha, até começar a dourar. No último, apresenta a farofa de molho. “São as feitas em geral com o molho de fundo”. A seguir, deu a receita: “Para cada quantidade do molho na frigideira, juntam-se, mexendo bem, duas a quatro de farinha de mandioca”. Finalmente, reconheceu que, com base nas três técnicas, o número de farofas possíveis é ilimitado. Quem o convenceu dessa prodigalidade foi um amigo farofeiro, obviamente especialista no preparo do prato - e não um homônimo que more longe da praia e vá ao mar levando um farnel repleto de merendas. Ele chamou Houaiss à sua casa e surpreendeu o comilão e intelectual, oferecendo-lhe nada menos que 83 modalidades de farofa.
É certo que esta deliciosa unanimidade nacional perdeu em muitas regiões a condição de acompanhamento e se tornou o prato principal e até música em festival da canção!


Curiosidades:
Há de se frisar que nem só os índios comiam com as mãos. Na verdade, só muito mais tarde é que vai ser introduzido o uso de talheres e, ainda assim, até depois da Independência, em muitas Vilas do interior do Brasil nem todas as pessoas sabiam servir-se, senão da colher. Usavam os dedos com tanta freqüência que a etiqueta mandava que não empregassem mais de três dedos para juntar um bocado. Comer do prato do vizinho era prova de amizade, não sendo raro que os dedos de um e outro se vissem mergulhados a um só tempo no prato de comida. A farinha,tornava-se imprescindível para dar liga à mistura.
.Era muito comum entre as sinhazinhas, alimentarem suas mucamas que rodeavam a mesa do repasto, lançando-lhes à boca, carinhosamente, os punhadinhos de seu prato a que denominavam “capitão”.

A receita:

FARÓFIAS OU FAROFAS
p/4 pessoas (segundo Houaiss)


. 200 gramas de farinha de mandioca
(eventualmente, de farinha de milho)
. 50 gramas de manteiga, ou margarina, ou óleo vegetal ou gordura animal
. sal a gosto
nada mais ou 50 gramas de uma das matérias-primas relacionadas abaixo
. Pôr numa frigideira a matéria graxa e, logo que começar a chiar, juntar a farinha, remexendo-a bem a fogo médio, até principiar a mudar de cor, para um pardo levíssimo. Dar a pitada de sal a seu gosto.
. A farofa está pronta, a menos que se queira uma farofa de um dos seguintes componentes possíveis, todos na base de 50 gramas, não mais:
. molho de um prato de carne que tenha sido excessivo;
. couve picada capilarmente;
. uma banana crua cortada em rodelinhas;
. pedaços de azeitonas, verdes ou pretas;
. salsa picada;
. cebolinha ou cebola picada;
. coentro picado (para peixes);
. tomates verdolengos picados;
. tomates maduros picados;
. cebolas aferventadas picadas;
. alhos picados crus (25 gramas, apenas)
. um ovo cru, deixado cozer sobre a farofa e mexido quando a clara começar a . . . tomar brancura e endurecer;
. um ovo frito picado;
. um ovo cozido picado;
. uma cenoura crua esfiada ou (menos bom) picada;
. uma porção de repolho cru cortado fininho;
. uma porção de repolho cozido cortado fininho;
. uns cubinhos de aipim cozido;
. uns cubinhos de batata-baroa cozida;
. uma porção de torresmo crocantíssimo;
. uma porção de toucinho fresco picadinho;
. uma porção de pão picado em cubinhos torradinhos;
. uma porção de aipo picado;
. uma porção de alho-poró picado;
. uma porção de imaginação...


sabendo que, pronta como é dito de início, e torrada, mantida na frigideira, recebe muito bem cada um desses 25 convidados, que nela devem ficar o tempo apenas de se misturarem bem, vestirem a roupagem da farinha pronta e pronto... Só que, quando se pede imaginação, compreende-se que se podem combinar dois a dois os componentes acima, três a três... etc.
















fotos (acima) Luiz Henrique Vieira

foto Tuscha

artistas convidados: Liliane Dardot, Lótus Lobo, Maria do Carmo Freitas, Thaïs Helt e Vilma Rabelo prepararam farofas' especiais para os visitantes

"COZINHA MUSEU" - IV edição


Festas juninas

Convidados:
Adel Souki
Andréa Lanna
Dudude Hermamm
Guilherme machado
Sávio Reale

Junho é mês de santos. Organizadas ao redor de três deles, benfazejos e bonachões- Santo Antônio , São João e São Pedro - as festas juninas estão profundamente gravadas no imaginário de todos nós, alegrando as noites frias de junho com suas fogueiras, quadrilhas ao som da sanfona e violas,abrindo os apetites com suas comidas típicas.
Trazidas ao Brasil Colonial pelos padres jesuítas e pelos portugueses, essas festas rapidamente conquistaram a preferência popular. Conta-se que os índios adoravam os folguedos ao redor das fogueiras. A tal ponto que, até hoje, a culinária tradicional dessas festas é de origem tipicamente indígena. A canjica de milho verde, por exemplo, deriva diretamente da papa indígena de água e milho, bem como outras guloseimas como amendoim cozido, cana-mirim, batata-doce, inhame, jenipapo, aipim. No decorrer do tempo, outros ingredientes originários das culturas africana e européia vieram enriquecer os pratos de base indígena: açúcar, leite de coco, erva-doce, cravo e canela, sal.


A cozinha Museu nesta edição de junho traz três receitas que não podem faltar durante estes festejos:

A canjica
Realmente não há dúvidas de que a comida vai se adaptando às diferentes regiões em que é utilizada e vai ganhando nomes e versões diferentes e a canjica é a prova disto. Nos estados de São Paulo, Mato Grosso e Goiás, pode chamar-se, curau. No Rio de Janeiro encontra-se também como canjiquinha e, em Minas Gerais, como canjica ou papa de milho. Também pode ser chamada de mugunzá nos estados do nordeste. O termo “canjica” vem do quimbundo africano - língua falada pela tribo dos bantos de Angola- Kanjika. Era Costume nas mesas da gente do Rio do Janeiro (mesmo antes da chegada da corte portuguesa ao Brasil, no início de 1800) ter como sobremesa a canjica temperada com açúcar.


Curiosidades:
(expressões populares e a canjica)
¨Pôr fogo na canjica¨: para apressar, animar.
¨Socar canjica¨: andar a cavalo, em trote sem amortecer o choque do corpo na sela.

"Estar, viver ou andar ?com as canjicas de fora? :"significa rir.
“Tomar banho de canjica”: muito usado para limpeza espiritual,sem tempero, apenas cozinhando o milho na água e esfregando-a no corpo.


A receita:
Canjica doce
(segundo Maria Auxiliadora Reale Pereira)


Ingredientes:
.1/2 kg de canjica branca
.1/2kg de amendoim torrado, sem casca e moído *
.1 coco natural, ralado(aqueça-o na chama do fogão, para soltar a casca) *
.2 litros de leite condensado *
.açúcar
.canela em pau *
.cravo *


Deixe a canjica de molho na véspera, cobrindo-a totalmente com água.
Modo de preparo:
No dia seguinte após escorrer a água restante, coloque a canjica em uma panela de pressão, cobrindo-a novamente com água (três dedos acima). Deixe que cozinhe por aproximadamente meia hora em fogo médio para alto. Caso já esteja totalmente cozida,acrescente 1 litro de leite e mexa sempre, para não agarrar no fundo da panela. Acrescente aos poucos mais um litro de leite. Após a secagem do leite, acrescente o leite condensado e, aos poucos, vá inteirando com açúcar, a gosto. Acrescente canela, cravo, amendoim e o coco a gosto. Servir quando o caldo estiver encorpado.
Rende 20 porções.
Caso o caldo acabe antes da canjica, acrescente mais leite e deixe ferver, mexendo sempre.
* Esses itens são usados para dar sabor e para “temperar” a canjica. Podem ser alterados pois as formas de temperar variam conforme a região, a autoria da receita a mão do cozinheiro,e,é claro, estarão sempre sujeitas aquilo que temos na dispensa e ao gosto das papilas.O leite condensado, usado para dar doçura e cremosidade à canjica, pode ser suprimido e, neste caso, deve-se aumentar o açúcar. Para dar cremosidade deve-se então, bater um pouco da canjica com o seu caldo e leva-lo de volta ao todo, na panela que borbulha a delícia. Não esquecendo: como quase tudo na vida, uma pitada de sal sempre vai bem.


Praliné:
Balancê, travessê, anavan tur, changê, outrefoá, anarriê... grita em afrancesado “capiau” o marcador, a pessoa que comanda quadrilha provocando risos, e orientando os passos a serem executados pelos participantes da quadrilha, rementendo-nos a sua origem francesa.
Dos salões reais, a quadrilha com seu ritmo sincopado e suas marcações dançantes, acabou perdendo o formalismo dos salões, foi ganhando um tempero brasileiro e virou uma mania popular que atingiu os recantos do país.
Assim também aconteceu com praliné. Na Europa feito com amêndoas, aqui para adoçar, com coco ou amendoim nas nossas festas juninas. Dizem que as mulheres sempre procuram os de coco, já os homens, preferem os de amendoim que traz mais “sustança” aos compadres. Esta delícia crocante foi criada por um belga, Jean Neuhaus, é mesmo crocantemente irresistível.

A Receita:
Praliné
(segundo informações na internet)

. 3 copos (americanos) de amendoim cru e com casca.
.1 copo e meio (americano) de açúcar.
. meio copo (americano) de água.
. uma colher de chocolate (ingrediente opcional).
. 1 pitada de bicarbonato.

Por os ingredientes em uma panela, inclusive a pitada de bicarbonato. Depois que começar a ferver, mexer sem parar. Quando ficar na cor de chocolate, retirar do fogo e mexer até secar.Servir em saquinhos, enfeitados ou assim mesmo: um bocadinho na mão direto para a boca.

O Quentão:
A palavra é de origem caipira,particularmente do interior do Estado de Minas e São Paulo segundo o folclorista Amadeu Amaral em ”O Dialeto Caipira”.
É preparado em grande quantidade, afinal é uma bebida quase folclórica para se beber em festa entre muitas pessoas. Esta infusão de cachaça ou vinho, vai bem para acompanhar pipoca,o milho, pé -de- moleque, pinhão, e claro, um bom papo. O quentão é um parente do grog europeu, que era um preparado de um destilado de vinho, o conhaque,aquecido e temperado com especiarias e, segundo reza a lenda, chegou ao país com as navegações portuguesas durante o ciclo econômico da cana-de-açúcar. Na falta de outro destilado para preparar o drinque e espantar o frio ( no Nordeste, realmente não sei que frio é esse que precisava até de quentão...), os marujos usavam a boa e velha cachaça. Claro que deve ter dedo dos negros nessa mistura tipicamente brasileira, afinal foram eles que trouxeram o gengibre para o país, item essencial da bebida. Foi no sul e sudeste que os italianos aportados no século 19 somaram vinho à cachaça. Da sua forma mais básica e tradicional muita coisa mudou até hoje e há inúmeras variações. Aos poucos foram acrescentadas outras especiarias à mistura, como o cravo e a canela em rama. Há várias receitas de quentão, cada uma com suas variações. Qual é a sua preferida?

A receita:
Quentão
(segundo Francisco Magalhães e Dirce Lacerda)

. 1 litro de boa cachaça
. 50g de canela de pau
. 50g de cravo
. 15 folhas de mexerica
. cascas de uma a duas mexericas
. 250g de gengibre ralado ou picado grosso
. 2 limões partidos ao meio
. 1 copo (americano) de açúcar cristal
. 1 litro de água
Em uma panela grande, torrar o açúcar (em fogo alto) até ele dourar, e ficar com a cor âmbar, ou um pouco mais claro. Baixar o fogo e despejar canela, limão, cravo, gengibre e as folhas de mexerica. Quando o açúcar estiver soltando da panela, pôr a água e a cachaça. Deixar ferver por quatro minutos. Coar e servir quente. Guardar a bebida em recipiente fechado.













Artistas convidados para a ação: Adel Souki, Andréia Lanna, Dudude Herrmann, Guilherme Machado e Sávio Reale


fotos Luiz Henrique Vieira

Cozinha Museu - III Edição


Coisas com o fubá

Convidados:
Pedrina
Silvia Klein
Adriana Banana
Paulo Nazareh
José Adolfo

Fubá

Palavra herdada dos Africanos para designar farinha.

Pó obtido pela moagem fina do milho cru, seco e debulhado, é um tipo de milho duro, que é usado na produção do fubá.
Os responsáveis pela utilização intensa do milho foram os portugueses, eles transformaram a farinha produzindo assim deliciosos pratos como: papas, mingaus, pudins, broas, creme de milho e outros. Mas foi a partir do século XVIII, o milho começa a tomar lugar decisivo na alimentação brasileira sob a forma de fubá. Era a alimentação de viajantes e tropeiros que, trazendo mulas criadas no sul para servir de transporte nas terras montanhosas substituíam muitas vezes a farinha de mandioca pela de milho nos tipos de merenda para a jornada que se transformavam em virados misturados a guisado de galinha, ao feijão e carne seca.Ao longo desses caminhos foi sendo plantada na roças, originando pequenos sítios paulistas e a agricultura dos campos das Minas Gerais, associando o milho a criação de porcos. O homem planta o milho, cria o porco que engorda comendo o sabugo e fornece a gordura para o homem cozinhar pratos feitos de milho e de porco.Na historia da alimentação brasileira, teve a disposição e mistura, das culinárias indígena, africana e portuguesa levaram ao brasileiro o complexo alimentar do milho que a industrialização tornou permanente. Este complexo alcança em todo o Brasil o seu esplendor no mês de junho, quando coincidem com a época da colheita do milho e a das festas de inverno, época tradicional de festas pagãs milenares de povos agricultores. E durante as festas Juninas, onde os festeiros oferecem alimentos derivados do cereal, como a pipoca, pudins, pamonhas, broas, canjicas curaus e mungunzás, transformando o acontecimento numa verdadeira celebração do milho.Hoje a maior concentração da produção de milho esta na região sul do país, principalmente nos estados de Minas, Goiás e Mato Grosso.



Raivinhas: para fazer as pazes entre as crianças

(Um biscoito muito antigo, coisa pueril e fácil de fazer, brincadeira para os dias de chuva - segundo Francisco Magalhães).


A Receita:
· Duas xícaras de fubá mimoso (se for de moinho de pedra e bem novinho, melhor ainda) - ingrediente imprescindível
· De meia até uma xícara de açúcar comum tipo cristal ou mascavo - ingrediente imprescindível
· De cento e vinte até duzentos gramas de manteiga - ingrediente imprescindível
· Um ovo (ou não) sem ovo a farofa fica mais farofa
· Uma pitada de sal (sempre)
· De uma a duas colheres de água (só se for o caso) aumenta a liga, mas torna as raivinhas, depois de assadas, mais duras e menos quebradiças e delicadas.
· Temperos que a gente gosta: amendoim picado, erva cidreira grande ou canela em pó ou raspinhas de limão ou sementes de cardamono moído grosso ou folhas de tomilho seco esfregados nas mãos (só um pouquinho), ou qualquer coisa que caia bem com o delicado sabor do fubá, combinados ou não de acordo com cada um. Gosto das “raivinhas” nas maneiras mais tradicionais, puras, com erva cidreira ou com amendoim grosso.
Misturar bem o fubá com o açúcar e a pitada de sal. Derreter a manteiga (sem deixar queimar nadinha) e escaldar a mistura dos secos. Misturar bem e acrescentar o ovo. Misturar até que se torne uma farofa grossa, acrescente os temperos e misture ainda. Pegue aos punhados a mistura da farofa e vá moldando eslocar as “raivinhas” dali.

Algumas considerações:
· as “raivinhas” levam esse nome porque é uma coisa meio que irrita na hora de modelar as bolachinhas.
· as “raivinhas” podem ser alteradas nas suas proporções e até ausência e acréscimos de ingredientes. Isso tudo vai depender do gosto e de como cada um trata as suas “raivinhas”. Ex: Mais açúcar, além do evidente aumento do doce, torna as “raivinhas” mais crocantes e tendem a dourar mais rapidamente e também um pouco mais duras...Quase de roer.
· O ovo pode ser retirado. Isso altera a densidade das “raivinhas” e, caso isso seja feito, é importante que se acrescente mais manteiga, pois corre o risco da raiva não dar liga.
· A água pode ser acrescentada só em casos extremos para dar liga, muito pouquinho, colher por colher, até você sentir que é possível moldar as “raivinhas” do jeito que é correto: tortas, irregulares e com as bordas trincadas.


É bom chamar as crianças; juntar gente nos dia de chuva; comer com leite frio, chá ou café fraquinho.... No primeiro dia, assim que esfriam as “raivinhas” , elas são crocantes e bem sequinhas, depois, tendem a ficarem mais macias pois adquirem umidade, o que transforma o objeto, mas não lhe rouba a delícia.
Minha mãe usava essa receita como um “castigo”... Depois das brigas de crianças e umas boas palmadas, íamos todos, ela inclusive, fazer as “raivinhas” para o café da tarde ou para o lanche do dia seguinte.
Boa Sorte !

Bambá de couve

“E do prato inteiro, onde havia um ameno jogo de cores cuja nota mais viva era o verde molhado da couve – do prato inteiro, que fumegava suavemente, subia para nossa alma um encanto abençoado de coisas simples e boas. Era o encanto de Minas”. (Rubem Braga)

Receita: (segundo Pedrina)

Fubá, couve,alho,sal, óleo, ovos à gosto, cheiro verde à gosto. Doure o alho no óleo por pouco tempo, torre o fubá por alguns segundos para que não amargue, coloque água o suficiente para se ter um mingau. Quando o fubá estiver quase cozido, quebre e ponha os ovos e deixe sem mexer por uns minutos para que cozinhe e então mexa para que cozido se parta, como estrelados.Depois ponha a couve rasgadinha ou picada miudinha. SIRVA COM PIMENTA MALAGUETA À GOSTO.


FUBA SUADO
Da Serié RECEITAS COM FUBÀ pra o MUSEU MINEIRO

(segundo Paulo Nazareth)


O milho (maiz) cultivado nas Américas por mais de 9 mil anos,é de imensa importância para adiversas culturas do continente,acredita-se que esse povo mexicano é feito de milho. Uma lenda mexicana conta que antes do aparecimento do milho o povo asteca só comia raízes e carne, mas como sabia da existência do milho que foi escondido atráz da montanhas por antigos deuses rogaram a Quetzalcóatl que os acudissem. O deus então, em vez de usar a força para separa as montanhas, transformou-se uma formiga e enfrentando diversos perigos foi buscar um grão da planta que entregou aos indígenas que plantaram a semente e a fizeram se multiplicar pelo mundo. O milho se diversifico em diferentes família cada qual com características próprias. Conta-se que entre o povo Guarani, por determinação do grande espírito dois grandes guerreiros da tribo lutaram até a morte e que o corpo vencido foi enterrado e de sua cova nasceu a planta para alimentar seus descendentes. Outros contam que o milho nasceu do corpo de um velho índio que foi enterrado em sua oca, e que ao terceiro dia surgiu a planta que se multiplicou para alimentar seus filhos. Em toda a América a presença do milho é marcante ee para os povos que são feitos de milho, modificar geneticamente esta planta é mexer em seus corpos e modificar sua história. O milho sempre foi a maior fonte de alimentaçãodos povos indígeas americanos, e a maneira mais comum utilizada por eles era em forma de Farinha ou Fubá, noentanto se o milho é rei, no Brasil a mandioca é rainha e não dá para lembrar de um e esquecer o outro.


FUBÁ SUADO


INGREDIENTES
Um quilo de Fubá Moinho d`água, ou outro de sua de preferência
1 cabeça de alho
sal a gosto
(Cheiro verde, cebola e outros condimentos podem ser acrescentados, mas o sabor carcterístico do alho com fubá suado se mistura aos outros temperos. Caso queira também pode ser acrescentado torresmo e lingüiça defumada ou queijo minas raldo.)


MODO DE fazER:
Em um bacia ou gamela coloque o fubá e regue-o com um pouco de água, só um pouco, o fubá deve ficar como uma farofa, coloque sal a gosto, misture com as mãos e crie algumas "bolas".
Em uma panela frite o alho até que o mesmo fique douraddo. Separe o alho em uma pequena vasilha.
Junte na mesma panela com óleo o fubá molhado misture um pouco e depois tampe a panela deixando que o fubá sue por alguns minutos, ou seja ele cozinha no vapor. Misture de vez em quando e volte a tampar a panela. Não se distraia tenha cuidado para não deixa-lo queimar.
Após o cozimento, misture um pouco do alho frito sirva em uma gamela ou travessa, coloque o alho restante sobre o fubá e deixe que os amigos e familiares se alimentem.


P.NAZARETH EDIÇÕES / LTDA Belo Horizonte / BRASIL Maio 2008

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Fotos Luiz Henrique Vieira

Projeto "Cozinha Museu" - Convidados: Pedrina, Sylvia Klein, Adriana Banana, Paulo Nazareh e José Adolfo ... fizeram "coisas com o fubá" para os visitantes do "Museu Guardas"

Cozinha Museu - II Edição

Pão de queijo




Convidados:
Carlos coelho
Marta Neves
Fernado Cardoso
Sonia Queir
oz
O que é o que é? Que se come quente por que é impossível deixar esfriar e se come em quantidade por que é impossível parar no primeiro...

Esta internacionalmente famosa guloseima surgiu há duzentos anos atrás nas fazendas mineiras do século XVIII . As cozinheiras que faziam biscoitos de polvilho para seus senhores, tiveram então a genial idéia de ralar o saboroso queijo de minas e juntá-lo à massa de biscoitos – “Nossa Senhora, ficou bão di mais!”
Nesta edição, nossos convidados do Cozinha Museu inovaram um pouco a receita, recheando o nosso tradicional pão de queijo com frases irônico-reflexivas a respeito da Instituição Museu. Seu papel, suas características, seus questionamentos, esta tudo ali dentro temperado com um delicioso bom humor.

Curiosidades:
. Foi através de um intenso trabalho que os pesquisadores da Universidade federal de Minas Gerais conseguiram a possibilidade de congelar o pão- de- queijo e fazê-lo ganhar mundo, exportá-lo além das Minas. É que ao ser congelado, perdia a sua capacidade de sair do forno corado e fofinho... invariavelmente ele murchava.
Desenvolveu-se, então, uma mistura de polvilho doce e azedo comum e um fermento especial que veio possibilitar a sua exportação para todos os cantos do mundo.
Há quem diga que pão de queijo “bão” mesmo é aquele feito carinhosamente em casa, livre da padronização e regras que exigem o processo industrial, mas de um jeito ou de outro, ele permanece irrecusável quando sai do forno “quentim”...

A EMOÇÃO CRIA NOVAS PERSPECTIVAS..*

MUSEU É BOM... MAS PRAIA É MELHOR.*

O HOMEM SÓ EVOLUI PORQUE SE EQUIVOCA.*

MUSEU SÓ TEM CULTURA SE PLANTAR CAFÉ.*

NO BRASIL, O PESSOAL TREINADO PARA IR A MUSEUS NÃO CONHECE OS SEUS PRÓPRIOS MUSEUS.*


EM MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA GOTEIRA É OBRA DE ARTE, VIU?*

EM TODOS OS MUSEUS, O PRINCIPAL NEGÓCIO É UMA BOA CONVERSA.*

MINHA BOCA É UM MUSEU. TEM MUITA RESTAURAÇÃO!*

O MUSEU NÃO É O LUGAR DAQUELES QUE JÁ O CONSUMIRAM. O COLECIONADOR NÃO VAI AO MUSEU.*

VOCÊ TEM MEDO DE MUSEU?
... É QUE A ASSOMBRAÇÃO NÃO SABE PARA QUEM APARECE.*


O MUSEU É CAMPO PROFÍCUO PARA O "RENASCIMENTO" DA PROMISCUIDADE ENTRE CIÊNCIA E ARTE.*


CADA MUSEU TEM A MONA QUE MERECE.*

CADA LUGAR DEVE PENSAR A FORMA DE PRESERVAR AS SUAS MEMÓRIAS, O MUSEU É RESPONSÁVEL POR ISSO. *


SE SALÃO DE BELEZA FOSSE SALÃO DE FEIÚRA,
MUSEU ERA PASSARELA!*


MUSEU NÃO É PROPRIAMENTE O LUGAR DA HISTÓRIA. LUGAR DA HISTÓRIA É NO MUSEU DE HISTÓRIA.*

EM RESERVA DE MUSEU, A ALERGIA É A PROVA DOS NOVE.*


SEM O ESPECTADOR, O MUSEU SÓ É DE FATO UM LUGAR DE COISA VELHA.*


NÃO SOU PEÇA DE MUSEU MAS ADORO UMA COROA!*

O MUSEU NÃO É LUGAR PARA SIMULACROS FRIOS DE ALGUMAS PARCELAS DA SOCIEDADE.*



MULHER QUE VIVE EM MUSEU ESTÁ SEMPRE CONSERVADA.*

NO MUSEU NÃO SE APRENDE, EMOCIONA-SE.*

MUSEU É AQUELE LUGAR AONDE NINGUÉM VAI?*

**As frases em vermelho foram propostas pelos artistas; as frases em amarelo são proposições relativas ao museu: lembranças, fragmentos, idéias que refletem o pensamento de técnicos de museus, museólogos, educadores e artistas e foram selecionadas aqui por Francisco Magalhães; ambas utilizadas pelos artistas Carlos Coelho, Marta Neves, Fernando Cardoso e Sônia Queiroz na ação do “Cozinha Museu”

Convidados: Carlos Coelho, Marta Neves, Fernando Cardoso e Sônia Queiroz


Fotos Luiz Henrique Vieira